Os cientistas e médicos têm avançado na realização de transplantes de órgãos de porco para humanos. No último sábado (16), um médico brasileiro comandou o transplante de um rim de porco geneticamente modificado em um paciente de 62 anos.

Além disso, ao menos duas outras pessoas receberam um coração de porco nos últimos anos. Também são realizados estudos sobre a utilização da pele deste animal para auxiliar no tratamento de queimaduras.

Veja abaixo informações sobre esses transplantes.

2019 – Pele de porco para tratamento de queimadura

Em 2019, médicos utilizaram pele de porco geneticamente modificada de células vivas (xenoenxerto) para fechar temporariamente uma queimadura. O procedimento aconteceu em Massachusetts, nos Estados Unidos.

Segundo informações de uma plataforma da Associação Americana para o Avanço da Ciência, essa foi a primeira vez que um tecido de porco derivado de um animal que foi modificado geneticamente foi transplantado diretamente em uma ferida humana.

Nenhum evento adverso foi observado ou relatado e a ferida foi então tratada com um enxerto de pele colhido da própria coxa do paciente. A cura progrediu conforme previsto e o paciente retornará em breve ao trabalho.

2021 – Primeiro transplante de rim de porco em humano como teste

Em outubro de 2021, um rim de um porco foi transplantado em um humano sem provocar rejeição imediata pelo sistema imunológico do paciente. O procedimento aconteceu em Nova York, nos Estados Unidos.

Nesse caso, o órgão foi ligado a veias e artérias de uma paciente com morte cerebral que tinha sinais de disfunção renal. A família deu autorização para que ela fosse desconectada dos equipamentos de suporte à vida para o experimento.

Além disso, o rim ficou mantido do lado de fora do corpo da paciente por três dias. Segundo os médicos, o órgão produziu “quantidade de urina esperada” em comparação a um rim humano transplantado.

Também não houve evidências de rejeição forte e quase imediata do rim, o que aconteceu graças à retirada de uma molécula conhecida por provocar a rejeição.

2022 – Transplante de coração de porco em homem

Em janeiro de 2022, um homem de 57 anos dos Estados Unidos recebeu um coração de porco geneticamente modificado. 

Três genes que são responsáveis ​​pela rejeição de órgãos de porco pelo sistema imunológico humano foram removidos, e um outro gene foi retirado para evitar o crescimento excessivo de tecido cardíaco de porco. Seis genes humanos responsáveis ​​pela aceitação imune foram inseridos.

De acordo com um comunicado, ele tinha uma doença cardíaca terminal e o órgão era a única opção disponível, visto que ele não estava apto para receber um coração humano. Também houve consentimento do paciente, que foi informado dos riscos da operação.

A operação foi considerada um marco na medicina por especialistas. Anteriormente, válvulas cardíacas de porco já foram transplantadas para humanos.

O homem morreu dois meses após a operação, depois de piora no quadro clínico.

2022 – Transplante de corações de porco em pacientes com morte cerebral

Também em 2022, cirurgiões transplantaram dois corações de porcos geneticamente modificados em pacientes com morte cerebral para um estudo científico. Esse foi o primeiro procedimento do tipo.

Em um dos pacientes, foram realizados testes por três dias para monitorar a aceitação ao órgão.

2023 – Segunda pessoa recebe coração de porco

Em setembro de 2023, um homem com doença cardíaca em estágio terminal que o tornou inelegível para receber um coração humano teve o transplante de um coração de porco geneticamente modificado.

Seis semanas após o procedimento, o paciente morreu, depois de o coração mostrar sinais de rejeição.

Antes de falecer, ele apresentou progressos significativos, inclusive participando de fisioterapia e passando tempo com a família.

2024 – Médico brasileiro faz primeiro transplante de rim de porco em humano

Em março deste ano, uma equipe liderada pelo médico brasileiro Leonardo V. Riella nos Estados Unidos completou o primeiro transplante mundial de um rim geneticamente modificado de um porco para um ser humano vivo.

O paciente que recebeu o órgão é um homem de 62 anos, que foi diagnosticado com uma doença renal em estágio terminal. Em 2018, esse mesmo paciente recebeu um rim de um ser humano após quadro de diabetes e pressão alta, segundo comunicado.

O hospital Massachusetts General Hospital, em Boston, onde a cirurgia foi realizada, disse que a operação foi bem-sucedido e um marco na história do xenotransplante, nome técnico do transplante de órgãos ou tecidos de uma espécie para outra.

O médico brasileiro que comandou o transplante se formou na Universidade Federal do Paraná. Atualmente, é  professor associado de Medicina e Cirurgia naHarvard Medical School e diretor de transplante renal do Massachusetts General Hospital.

Saiba mais sobre o doutor Leonardo V. Riella através desta matéria.

Fonte: CNN Brasil