A França e a Comissão Europeia disseram nesta segunda-feira (6) ao presidente da China, Xi Jingping, que queriam que ele usasse a sua influência sobre a Rússia para pôr fim à guerra na Ucrânia, sublinhando ao mesmo tempo que a União Europeia não vacilaria no seu apoio a Kiev.
O presidente Emmanuel Macron recebeu o líder chinês na sua primeira visita à Europa em cinco anos e participou de reuniões com ele e com a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, em Paris, enquanto procuravam mostrar uma frente unida em questões que vão desde o comércio até a Ucrânia.
A China reforçou os laços comerciais e militares com a Rússia nos últimos anos, à medida que os EUA e os seus aliados impuseram sanções a ambos os países, especialmente a Moscou, desde a invasão da Ucrânia em 2022.
O comércio China-Rússia atingiu um recorde de 240,1 bilhões de dólares em 2023, um aumento de 26,3% em relação ao ano anterior, mostram dados alfandegários chineses. As remessas chinesas para a Rússia aumentaram 46,9% em 2023, enquanto as importações da Rússia aumentaram 13%.
Para além dos laços financeiros, as potências ocidentais têm estado especialmente preocupadas com a possibilidade de Pequim fornecer armas a Moscou e contornar as sanções existentes sobre materiais que podem ser utilizados tanto para fins civis como militares.
“Contamos com a China para usar toda a sua influência sobre a Rússia para acabar com a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”, disse von der Leyen aos jornalistas após uma reunião trilateral no Palácio do Eliseu, em Paris.
Macron disse que a coordenação com a China sobre a Ucrânia foi “absolutamente decisiva”.
Os combates na frente oriental da Ucrânia pioraram nas últimas semanas, enquanto as tropas de Kiev aguardam ajuda militar crucial dos EUA e da Europa para conter o avanço russo.
Os dois líderes europeus fizeram questão de sublinhar a Xi que, apesar das atuais dificuldades da Ucrânia, estavam determinados a continuar a apoiá-la, e que Pequim precisava de perceber que o conflito provavelmente iria se estender, já que as potências ocidentais não estão prontas para abandonar Kiev, disseram fontes diplomáticas.
As potências ocidentais têm tentado há mais de um ano convencer a China a não dar apoio militar à Rússia.
As fontes diplomáticas disseram que Xi deixou claro que Pequim não pretendia fornecer armas a Moscou e que estava pronto para analisar a questão dos materiais de dupla utilização que permitiram o esforço de guerra da Rússia.
Eles disseram que agora teriam que ver se os compromissos se transformariam em ações. A UE está atualmente discutindo possíveis sanções contra algumas empresas chinesas.
Xi foi citado pela mídia estatal chinesa dizendo que todas as partes desejam ver um cessar-fogo rápido, o retorno da paz na Europa e evitar qualquer nova escalada.
“A China não criou a crise na Ucrânia, nem é parte dela”, disse Xi, segundo a imprensa estatal. “O tempo todo, a China tem trabalhado vigorosamente para facilitar as negociações de paz.”
Espera-se que o presidente russo, Vladmir Putin, viaje à China no final de maio, naquela que poderá ser a sua primeira viagem ao exterior do seu novo mandato presidencial.
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